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Vacina contra vírus causador da bronquiolite chega ao SUS em novembro

O imunizante será produzido no país com parceria com o Instituto Butantan

11/09/2025 10h30 Por: Amanda Soares
Vacina contra vírus causador da bronquiolite chega ao SUS em novembro

Foto: Divulgação

O Ministério da Saúde anunciou que a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador de bronquiolite e pneumonias em bebês, começará a ser distribuída na rede pública na segunda quinzena de novembro. A previsão é de que 1,8 milhão de doses estejam disponíveis até o fim do ano.

 

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (10), durante a assinatura de uma parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, que permitirá a produção nacional do imunizante, garantindo o abastecimento contínuo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

 

A vacina é considerada fundamental para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde, já que o VSR é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças com menos de dois anos. No Brasil, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados anualmente por complicações causadas pelo vírus.

 

Segundo dados do Ministério, uma em cada cinco crianças infectadas precisa de atendimento ambulatorial, e uma em cada 50 é hospitalizada no primeiro ano de vida.

 

“Virtualmente, 100% das crianças serão expostas ao VSR nos dois primeiros anos de vida. Cerca de 60 a 65% se infectam no primeiro ano. Nem todas terão bronquiolite, mas muitas desenvolverão sintomas como chiado, tosse ou resfriado. Algumas evoluirão para quadros mais graves, necessitando hospitalização, e uma pequena parcela, infelizmente, pode falecer”, explica o pediatra e infectologista Renato Kfouri, do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

 

Entre os prematuros, o risco é ainda maior: a taxa de mortalidade por complicações do vírus é sete vezes superior à de bebês nascidos a termo. Esse grupo representa 12% dos nascimentos no país. Entre 2018 e 2024, o Brasil registrou 83 mil internações de prematuros por doenças associadas ao VSR.

 

Atualmente, a principal estratégia de proteção para esses bebês no SUS é o Palivizumabe, anticorpo indicado para prematuros com até 28 semanas de gestação, com até cinco doses mensais durante o período de circulação do vírus. Em fevereiro deste ano, a Conitec recomendou a incorporação da vacina Abrysvo como nova aliada no combate ao VSR.

 

Segundo o Ministério da Saúde, em novembro, se inicia o processo de envio das primeiras 832,5 mil doses da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e, até dezembro, serão distribuídas mais de 1 milhão de doses para todo SUS. A distribuição aos estados e municípios permitirá a organização de calendários locais, com aplicação nas unidades básicas de saúde e pontos de vacinação de cada região.

 

 

“É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego, renda e conhecimento ativo no nosso país”, afirmou o ministro Alexandre Padilha durante o evento.

 

Como funciona a vacina contra o VSR

 

A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), desenvolvida pela Pfizer, é aplicada em gestantes e protege os bebês ainda durante a gestação. Produzida por engenharia genética, ela estimula o corpo da mãe a gerar anticorpos que atravessam a placenta, oferecendo imunidade ao recém-nascido nos primeiros meses de vida — período de maior risco para bronquiolite e pneumonia.

 

Estudos indicam que a vacinação pode prevenir cerca de 28 mil internações de bebês por ano. A recomendação do Ministério da Saúde é vacinar gestantes entre 28 e 36 semanas de gestação.

 

Fonte: Revista Crescer/Globo