PF conclui Operação Tupinambarana
Cinco agentes públicos são indiciados por organização criminosa, corrupção eleitoral e atentado contra o Estado Democrático de Direito

Foto: Divulgação
A Polícia Federal concluiu nesta quarta-feira (27) a investigação da Operação Tupinambarana Liberta, voltada a coibir crimes como associação criminosa, corrupção eleitoral, atentados ao Estado Democrático de Direito, uso de violência para obtenção de votos e restrição ao exercício da propaganda eleitoral.
Em Parintins, a operação visou desarticular a aliança entre membros de facção criminosa e agentes públicos envolvidos em crimes eleitorais em apoio a uma candidatura local. A apuração revelou que estruturas do Estado, incluindo forças policiais, teriam sido utilizadas para favorecer a chapa da ex-candidata Brena Dianná (União Brasil).
A investigação teve início em 16 de setembro de 2024, após denúncia do Ministério Público Eleitoral em Parintins. Foram identificados indícios de que líderes comunitários ligados a uma facção criminosa nacional de tráfico de drogas ameaçavam candidatos à Prefeitura, impedindo o acesso a determinados bairros e restringindo a circulação em algumas áreas da cidade. Há também suspeitas de que agentes públicos teriam se omitido diante das ameaças para beneficiar uma candidatura.
Entre os alvos da operação estão: Marcos Apolo Muniz, ex-secretário de Cultura e Economia Criativa; Fabrício Rogério Cyrino Barbosa, ex-secretário de Administração; Armando Silva do Valle, ex-diretor-presidente da Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama); além do tenente-coronel Jackson Ribeiro dos Santos, ex-comandante da Rocam, e do capitão Guilherme Navarro Barbosa Martins, ligados à tropa de elite da Polícia Militar. Todos foram exonerados após a deflagração da operação em outubro de 2024.
A apuração apontou que o grupo usou a estrutura do governo estadual, com apoio de policiais militares, para favorecer a candidatura de Brena Dianná. As práticas incluíam compra de votos, ameaças a eleitores por meio de facções criminosas, obstrução à atuação da PF e monitoramento de adversários políticos.
A operação mobilizou cerca de 50 policiais federais, responsáveis pelo cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão em locais identificados em Manaus. Além disso, a Justiça Eleitoral determinou a proibição de acesso dos investigados a Parintins e de contato entre eles ou com coligações partidárias do município.
O caso ganhou repercussão nacional em agosto de 2024, quando uma reportagem exclusiva de A CRÍTICA revelou uma reunião gravada em Parintins, na qual os investigados admitiam práticas ilícitas em eleições anteriores, como compra de votos e uso de viatura para despistar a Polícia Federal.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público Eleitoral, que decidirá sobre as medidas judiciais cabíveis.
O Portal Clube FM tentou contato com a assessoria da ex-candidata Brenna Dianná, mas não obteve resposta até o momento. O espaço permanece aberto para eventual manifestação da ex-candidata.
Fonte: Acrítica e Ministério da Justiça e Segurança Pública