Em Paris, Lula faz pedido público a Macron: 'Abra seu coração para o acordo com o Mercosul'
Brasileiro passa a semana na França, onde deve visitar a sede da Interpol em Lyon. Lula também participa de conferência sobre oceanos, já como preparação para a COP 30 em Belém.

Foto: Divulgação / SES-GO
O presidente Lula falou à imprensa nesta quinta-feira (5), em Paris, após se reunir com o presidente da França, Emmanuel Macron.
Ao abrir o discurso, Lula afirmou que Macron o recebeu "com a hospitalidade que somente um grande amigo pode oferecer".
Ao mesmo tempo, cobrou publicamente o apoio da França ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Os franceses vêm adotando uma postura protecionista para resguardar seus produtores rurais, o que tem atrasado a implementação do acordo.
Lula afirmou que os dados da balança comercial atual mostram que Brasil e França regrediram em relação ao patamar de trocas registrado em 2012 – data da última visita de um presidente brasileiro (Dilma Rousseff, à época) à França.
Troca de gentilezas
Questionados sobre o impasse no acordo, Lula e Macron adotaram um tom cordial nas respostas – mas incluíram provocações e convites para rediscutir termos que ainda dividem os dois países em relação ao tema.
- O que disse Macron
"Este acordo, neste momento estratégico, é bom para muitos setores, mas comporta um risco para os agricultores europeus."
"Porque a Europa, por princípios que o presidente Lula e seu governo compartilham – a ecologia, reduzir a emissão de CO2, proteger a biodiversidade. Por essas razões, proibimos os nossos agricultores de utilizar esses agrotóxicos, por exemplo. Os países no Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. Não é uma discrepância de qualidade, mas de regulamentação", afirmou Macron.
"Como eu vou explicar aos agricultores que, no momento em que exijo que respeitem as normas, eu abro o mercado para produtos que não respeitem as normas? Isso é injusto, e não é a visão do presidente Lula. Temos que melhorar, aprimorar o acordo, trabalhar para ter cláusulas salvaguardas e espelho", completou.
- O que disse Lula
Em seguida, ao responder à mesma pergunta de um jornalista francês, Lula disse que "não está difícil fazer o acordo" – e que o Brasil quer continuar a importar vinhos e queijos franceses, por exemplo.